Este blog tem o objetivo de mostrar que defensores de animais são contrários ao racismo e quaisquer formas de preconceito e discriminação.

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Mea culpa

Abril de 2013.

Eu, Silas, venho aqui me retratar pelas opiniões expressadas neste blog alguns anos atrás.

Escrevi aqui vários post em um gesto tokenista ( http://en.wikipedia.org/wiki/Tokenism ), para negar que houvesse tendências colonizadoras brancas/racistas presentes no veganismo, ao se apropriar de termos como "abolicionismo" e da própria imagem de pessoas negras, como objetos para avançar em sua luta pelos direitos animais.

Entendo que pessoas negras (e seu sofrimento causado pelo racismo ontem e hoje) não devem, em hipótese alguma, ser comparadas a animais ou quaisquer outros seres que estejam em status inferior, para servir aos interesses de causas alheias (ou que não tenham articulação direta com a militância afrodescendente). Entendo que o racismo no Brasil é um fato sistemático (apesar de todo o esforço reacionário em afirmar que vivemos em uma "democracia racial"), e não deve ser tratado com leviandade.

Dizer que o veganismo coloca os animais num patamar superior (de respeito), como fundamento da comparação, não muda a história (apesar de a intenção ser boa, a comparação não é). Comparar especificamente negros(as) a animais social/sistematicamente considerados inferiores não ajuda. Há pouco tempo, a redução desumanizadora negro=animal era tida como um "fato científico" - especialmente quanto a mulheres negras como Saartjie Baartman. Diga-se de passagem, os xingamentos racistas que ouvimos todo dia no Brasil ainda se baseiam na noção de que negros sejam sub-humanos ("macaco", "animal", etc.).

Quem sabe comparar negros a animais (como recurso de aproximação do discurso vegano) seja possível e viável quando não houver mais racismo. Sonhamos que esse dia chegue - mas parece que está longe. Sonho também com o dia em que o veganismo será intersecional, isto é, se esforce ao máximo pra se articular, no seu próprio âmago, com outras causas, de modo a ser inclusivo, de fato, para as demais minorias e militâncias - sem tokenismo. Ou seja, o dia em que um[a] negro[a] possa chegar no seio do veganismo e não encontrar ali o racismo usual, que já enfrenta no dia-a-dia. O dia em que o veganismo perceba que uma causa por si só não se sustenta, e só reproduz mais opressão (racismo, machismo, gordofobia, cissexismo, ableísmo, etc.). O dia em que veganos negros não sejam apenas o token do discurso vegano mainstream, mas sejam, de fato, parte do corpo do discurso vegano. Afinal, pro veganismo, que mal faria ser inclusivo? Fica a pergunta.

Apenas RECOMENDANDO, blog vegan intersecional negro >>>>
http://vegansofcolor.wordpress.com/   - "porque não temos o luxo de militar por uma causa apenas".

Me perdoem. 

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