Este blog tem o objetivo de mostrar que defensores de animais são contrários ao racismo e quaisquer formas de preconceito e discriminação.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

SENTIENS lança série sobre especismo e racismo

O Site da Pensata Animal http://www.sentiens.net/ publicou uma série de artigos, etc. sobre a temática do presente blog. Vamos "dar uma geral", sintetizar se possível e indicar os links.




Rafael Bán Jacobsen, em "SOBRE A POLÊMICA DO HOLOCAUSTO ANIMAL", trata da anologia entre o sofrimento imposto a negros, judeus e animais, tema evidenciado pelo "caso Afropress". Ele é escritor, físico nuclear, professor, pianista, judeu e, por acaso, vegano. Ativista do GAE - Grupo pela Abolição do Especismo, de Porto Alegre/RS. E-mail: rafaeljacobsen@gmail.com

TEXTO:

TÓPICOS (pra quem não quiser ler tudo [colchetes e supressões do blog]):

É, no mínimo, emblemático o caso da representação impetrada recentemente pela ONG ABC sem Racismo, baseada em denúncia da Afropress, sobre imagens veiculadas pelo site Holocausto Animal, (...) pois ilustra muito bem dois fatos bastante comuns: o analfabetismo funcional e o egoísmo da dor.
(...)
Há uma lei natural do ser humano: a minha dor é sempre a maior dor do mundo. E isso vale tanto individualmente (a minha dor de dente com certeza é mais forte do que a do vizinho) quanto coletivamente. (...) qualquer um que venha tentar equiparar sua dor à nossa já, de antemão, não costuma ser visto com muita simpatia. Ora, que petulância: imaginar que sofre tanto quanto eu! Pior ainda se esse outro for o que milhares de anos de cultura antropocêntrica vieram a estigmatizar como seres “irracionais” e, portanto, inferiores. Comparar a dor humana com a de animais não-humanos, que petulância! Convém lembrar que tanto o massacre dos judeus quanto a escravidão dos africanos tiveram por base a aceitação desse estigma de inferioridade. Não admitir a existência dessa dimensão que se pode denominar “racionalidade”, “alma” ou “psiquismo” nos judeus, nos negros ou nos animais é uma forma de exercício de poder. Se é assim, posso usá-los como bem entender, sem enfrentar dilemas morais.
(...)
Certamente, um desavisado que vá olhar as imagens terá, como primeira reação, o ato reflexo de se sentir ofendido, isso devido ao egoísmo da própria dor e ao desconhecimento do conceito de especismo, temperados pela mentalidade antropocêntrica atávica. (...) por falta de informação [e por não saber interpretar texto], não entende o sentido da mensagem, que é bem mais sutil, avesso a interpretações reducionistas [...].
(...) o paralelo entre a escravidão, a exploração e a matança de judeus e negros com a escravidão, a exploração e a matança de animais existe, queira eu, Rafael Bán Jacobsen, ou não (...). E ela está por aí, é de domínio público [...] [IRONIA] Na dúvida, pelo bem da justiça, todos devem ser processados, não apenas um certo site tupiniquim, fazendo as vezes de bode expiatório. Sejamos coerentes. Processemos o Peta. Processemos Peter Singer. Processemos Coetzee. Processemos Bashevis Singer. Não, esse não, esse já morreu. Processemos então a Academia Sueca, por ter prestigiado esses dois últimos pusilânimes preconceituosos com o Prêmio Nobel. Processemos Rafael Bán Jacobsen, por acreditar que o paralelo existe e por, apesar de ser judeu, não se sentir violentado pela comparação (sente-se violentado, sim, por um grupo de pessoas de quem nunca ouviu falar se dar o direito de se posicionar por ele e dizer “nós judeus estamos ofendidos”). Processemos o inconsciente coletivo. (...) Pobres animais, que não podem reclamar de serem comparados conosco.






"A POLÊMICA RACISMO E HOLOCAUSTO VERSUS VEGANISMO E O TOTALITARISMO"

A controvérsia entre as ONGs ABC sem Racismo e Holocausto Animal por supostas ofensas da segunda à memória de negros e judeus é analisada pelo historiador Bruno Müller, bacharel em História pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, mestre em Relações Internacionais pela Universidade Federal Fluminense, ativista independente pelos direitos animais no Rio de Janeiro/RJ. E-mail: bfmuller@gmail.com

TEXTO:

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"ESCRAVIDÃO, EXPLORAÇÃO ANIMAL E ABOLICIONISMO NO BRASIL"

O advogado Daniel Braga Lourenço escreve sobre o processo de abolição da exploração animal traçando um paralelo entre as situações de escravidão e tráfico de humanos e não-humanos. O autor é membro do Animal Legal Defense Fund – ALDF. Mestre em Direito, Estado e Cidadania pela UGF/RJ. Pós-graduado em Direito Ambiental e em Direito Econômico e Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas – FGV/RJ. E-mail: maito:dblourenco@hotmail.com

TEXTO:

NÃO RESUMIREMOS ESSE ARTIGO ACADÊMICO.

Tópicos:
1. Servidão Humana: Natureza Jurídica
2. Marcos Legislativos Antecedentes à Abolição
3. Exploração Animal: Condição Análoga à Escravidão
Referências



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ENSAIO: COISAS QUE POSSUEM MENTE

O ativista Luciano Cunha aponta a incoerência moral em se considerar os animais não-humanos como itens de propriedade. O autor é licenciado em Educação Artística com habilitação em música pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), ativista do GAE - Grupo pela Abolição do Especismo, de Florianópolis, e colaborador do site Sentiens Defesa Animal. E-mail: moderador@sentiens.net

TEXTO:

domingo, 4 de novembro de 2007

Advogado Esclarece Alusões a Imagens Históricas




TODOS IGUAIS, TODOS DIFERENTES.

Para conhecimento de qualquer um, cito as leis brasileiras que estarão envoltas neste artigo como fruto de pesquisa e aprofundamento.
· Artigo 3º da Constituição Federal, especialmente, seu inciso IV.
· Artigo 5º da Constituição Federal, em sua totalidade, “caput” e incisos.
· Lei 7.716 de 05/01/1989, alterada pela lei 9.459 de 13/5/1997.
· Artigo 20º da Lei 7.716 de 05/01/1989, já atualizada pela lei acima dita.



Primeiro sito que o título da matéria não me pertence. Pertence ao grupo Educacional, grupo de ensino atuante no ramo em nosso país. Pertine ao preconceito.


Inegável, que este artigo tratará do acontecimento em torno das imagens colocadas no sítio eletrônico:

www.holocaustoanimal.org, sítio do movimento social em defesa dos direitos dos animais, e a comunidade negra e judaica, mais especificamente a primeira, em função de representação judicial distribuída ao Ministério Público pelos integrantes e dirigentes do movimento social em defesa da raça negra, sítio eletrônico: www.afropress.com , agência afro-etnica de notícias.


(...)


Diz o artigo 20º da Lei 7.716/89:
“...
Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. (
Redação dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)
Pena: reclusão de um a três anos e multa.
...”


Em análise estritamente jurídica, não podemos como seres humanos, o Estado disse isso, praticar preconceito racial, induzir preconceito racial, ou discriminar.


Praticar. Pôr em prática ; REALIZAR. Induzir. Levar (alguém) a agir ou pensar de determinada forma. Incitar. Encorajar ou instar (alguém) a (realizar algo) ; IMPELIR.Discriminar. Manter(-se) grupo ou pessoa à parte. Estes conceitos da língua portuguesa são do dicionário Caldas Aulete.


Em apertadíssima síntese, não me parece, posição singela, isolada, e pessoal, que imagens históricas, imagens que demonstram a crueldade específica desta espécie animal que são os seres humanos, imagens de ícones e heróis de uma luta racial como a Escrava Nastácia, ou os judeus anônimos nos campos de extermínio nazistas, em analogia ao sofrimento existente e inegável dos animais não humanos, seja preconceito. Assim, para mim, não há crime.


Pode ser péssimo gosto. Atitude reprovável. Entendo mesmo que a analogia é sempre perigosa. Muito mais para quem lê, vê e sente. Nós como animais, sentimos. E externamos dor física e moral.


(...)

Numa sociedade plural, aqueles que não compartilham de minha opinião devem ser respeitados. A liberdade de expressão deve ser respeitada também. O respeito a culturas e entendimentos diferentes ao meu, também. Ora, então como agir??? Com diálogo. Com discussão. Com respeito. Sem violência. Posição exposta por George Guimarães, Dirigente do VEDDAS .

Somos seres que permanecem em evolução. Precisamos entender que, não havendo uma conotação jocosa e sim meramente explanativa da aflição e crueldade atinente aos animais, a alusão às imagens históricas colocadas não são posturas criminosas.

Nossa história enquanto espécie humana, não pertence ao movimento judeu ou negro. Pertence aos seres humanos. E se fomos cruéis, insanos, vaidosos, ego centristas, devemos repudiar na totalidade estas posturas.

Não gostei das imagens expostas. Entendo como ser humano, que estampar a violência histórica perpetrada pela raça humana, só gera ódio, desatino e desconhecimento. Posição minha.

Mas defendo a postura de qualquer expressão. Até para exercer a crítica. Até para fazer a reflexão necessária.

Para tornarmos a fazer, deste planeta, um lugar melhor. Um universo de paz.
Abs,


ROGÉRIO S. F. GONÇALVES
advogado - OAB/SP nº 88.387
Rua São José do Barreiro, 290 - Mooca -
São Paulo/SP - CEP 03179 -050 - Te/Fax: 6606-4969

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Feliz Dia Mundial Vegano!

Hoje, primeiro de novembro, é o Dia Mundial Vegano.

Nossos parabéns a você, que não consome produtos de origem animal ou que foram testados em animais (como cobaias), nem na alimentação nem em nenhuma outra situação. Parabéns a você, que é verdadeiramente Abolicionista pela Libertação Animal, e pelo fim do Holocausto Animal, e que tenta viver de acordo com os Direitos Animais (o que inclui os Direitos Humanos, pois humanos são animais, mesmo que neguem ou se achem superiores).

Parabéns a você que, POR AMOR AOS ANIMAIS, quebra padrões preconceituosos que recebemos da sociedade, e luta contra o Especismo (ou seja, o preconceito por espécie, como se nós fôssemos melhores que as outras espécies, como se nós tivéssemos direito de usá-los como se não fossem pessoas, como se fossem escravos, comida/carne, etc.). MUITAS FELICIDADES a você, ativista totalmente vegetariano, que sabe que o preconceito, seja lá qual critério assuma (espécie, cor da pele, orientação sexual, etc) NÃO é conveniente.



Nesses 63 anos desde que o termo VEGAN foi cunhado nós conseguimos muito, e hoje estamos espalhados por todo mundo, combatendo injustiças, levando conscientização, e, acima de tudo, PAZ, muita paz. FELIZ DIA MUNDIAL VEGANO! Mas, como esse blog não é sobre veganismo em geral, nessa data comemorativa que nós, veganos, temos, vou me ater ao tema do blog: a relação do veganismo com a aceitação das pessoas, não importando se é uma pessoa canídea ou uma pessoa humana de pele escura, pois não podemos tolerar nenhuma discriminação. Nosso objetivo, como veganos e abolicionistas, é defender os direitos de todas as pessoas (animais, inclusive humanos).

Seguem alguns exemplos de ONGs norte-americanas que são constituídas de afro-descendentes e defendem os Direitos Animais (pelo abolicionismo vegano). Os exemplos a seguir são todos norte-americanos pois, aqui no Brasil não há essa segregação de igrejas de negros/brancos, ONGs de negros/brancos, escolas de negros/brancos, etc. Certamente o racismo contra os negros é mais forte nos EUA, e, mesmo assim, essas e outras dezenas de ONGs não vêem contraditoriedade entre defender os Direitos dos Animais e sua Libertação, assim como defenderiam sempre o Abolicionismo pelos afro-descendentes e seus Direitos.

Vegetarianos Negros (geral):
http://www.blackvegetarians.org/aboutus/index.htm
Reparem que na abertura está escrito: "There are so many reasons to fight for animal rights...", tradução: Há muitas razões pra lutar pelos Direitos Animais.
Black Vegetarian Society of Texas: http://www.bvstx.org/aboutus.html
Black Vegetarian Society of Georgia: http://www.bvsga.org/about.php

E, por fim, um ótimo exemplo ou sugestão de fórum vegano de negros: http://groups.yahoo.com/group/blackvegans/
(Quando usam o termo "vegetariano" incluem veganos, que são vegetarianos completos, não somente em não consumir carne).

Gostaria de mostrar o logo da SpreadPeace.org, que é uma ilustração explícita da não-contraditoriedade nos abolicionismos (pelos afro-descendentes ou pelos não-humanos):


Reparem os detalhes de cor de pele. Mais uma prova de que Veganismo e abolicionismo pelos Direitos Animais não se opõem, de forma alguma, a qualquer classe ou grupo de pessoas, etnia, etc. e que defender a igualdade de consideração de certos interesses entre diversas espécies não implica em discriminar alguém.

Sentir-se ofendido por ter sua alforria comparada à alforria que os animais merecem mas inda não têm é, sem dúvida, fruto do sentimento antropocêntrico de que somos melhores que as outras espécies, ou seja, é fruto do especismo (e do egocentrismo humano). O especismo, filho do antropocentrismo, faz com que humanos pensem que são superiores a todas as outras espécies, eliminando a ética na hora de se relacionar com elas. Mas esquecem que um cão tem olfato muito mais aguçado que o nosso, um urubu enxerga mil vezes mais, e um gato ouve melhor. Enfim, o especismo faz com que achemos que somos "divindades", enquanto somos animais super limitados, com raríssimas vantagem sobre as outras espécies, e em apenas em alguns poucos aspectos. O especismo é a base da discriminação de todos os humanos com diferenças "inconvenientes", como os deficientes. O especismo normalmente apela dizendo que somos mais inteligentes, sendo que há pessoas em nossa espécie que fogem a essa definição. Deveriam elas ser (mal)tratadas como animais? Ou seria melhor pararmos com a discriminação de espécies (=especismo)? Só por pertencermos à espécie humana devemos ignorar os sentimentos das pessoas que são de outras espécies? Podemos ignorar que animais são pessoas? Vamos ser contraditórios a ponto de achar que um animal precise de um cérebro humano pra sentir dor, sofrer, amar, etc?

Esperamos que o mal-entendido entre holocaustoanimal e afropress seja resolvido logo, pacificamente. Pois um ativista como o Fábio Paiva não entende como alguém se acha tão superior às pessoas de outras espécies (=animais), a ponto de tratá-los como objetos, mercadoria, escravos, etc. Não se adivinha que alguém vá interpretar mal, ou simplesmente ignorar sua filosofia/intenção em publicar um cartaz, e não levar em conta o contexto do protesto em si, e ficar se colocando como vítima, quando, na realidade, as vítimas são os animais, que, conforme as imagens diziam, sofrem da mesma forma que nós (nervo é nervo!), e nem sequer têm o direito de serem animais, pois são coisas, objetos, mercadoria, escravos, alimentos, enfim, tudo, menos pessoas, nessa sociedade especista! Além do mais, alguns internautas escreveram textos ofensivos ou agressivos, alguns com tom de ameaça, mas isso sem nenhuma ligação oficial com o Fábio Paiva, simplesmente porque não são esses "revoltadinhos" que estão na posição de réu, e eles não fazem senão ficar por detrás do teclado descendo lenha, sem a diplomacia vegana.

Fique claro que propomos a igual consideração de interesses entre espécies sencientes (que têm nervos, a princípio, que sentem dor, são capazes de sofrer, de ter vida social, família, enfim, são almas, são pessoas!). Enfim, a igual consideração de interesses não implica em rebaixar ou exaltar ninguém, não desumaniza humanos nem humaniza animais, apenas coloca no mesmo nível os interesses que todos os animais (seres sencientes) têm em comum: direito à vida, à liberdade, à vida social e familiar, à procura por seu alimento, etc. Ainda sobre a questão de "desumanizar humanos" e "humanizar animais", nós, anti-especistas, também somos contra o antropomorfismo (dar características exclusivamente humanas aos animais). E o objetivo nunca foi diminuir um escravo humano, mas sim, ressaltar que escravizar um não-humano é o mesmo crime.

Não sabem os que denunciaram um ativista, que, entre os defensores de animais, na internet, uma das citações mais comuns é: "Entre a brutalidade para com o animal e a crueldade para com o homem, há uma só diferença: a vítima." -Lamartine. Quase que diariamente, dezenas de internautas assinam emails e tópicos de fóruns com essa citação, como se pode facilmente notar no maior grupo de emails de Libertação Animal, com mais de 2 mil participantes: http://br.groups.yahoo.com/group/libertacaoanimal/ e até mesmo na lista do holocaustoanimal no yahoogrupos! A violência é a mesma. O preconceito tem a mesma origem, independentemente do critério usado para discriminação. Essa é a nossa mensagem. União. Olhar mais as semelhanças que as diferenças.


Receio ter feito alguma generalização indevida, mas, como pessoa tolerante, deixo esse texto aberto à revisão e à crítica dos leitores.


Sem mais,


Silas Cordeiro Pascoal


Judia residente em Israel escreve a quem possa interessar

A quem interessar possa,
Israel , 31 de Outubro de 2007

Meu nome é Jane Halevy, sou judia e moro em Israel. Sou fundadora e líder do movimento “International Anti-Fur Coalition” (Coalizão Internacional Anti-Peles) e Fábio Paiva é um dos nossos coordenadores mais queridos e o líder mais apreciado.
Não aprovo a reclamação contra o senhor Fábio Paiva, que está injustamente sendo acusado de discriminação.
Simplesmente, não posso fechar meus olhos a tanta injustiça.
O senhor Fábio Paiva é o extremo oposto do que está sendo acusado. Trata-se de uma pessoa gentil, humanitária, boa e carinhosa, além de altamente engajado. Seu único crime deve ser a nobreza de seu coração. Que triste.

O amor e a compaixão não são nem nunca serão algo que se possa dividir em duas partes. Se o coração sente compaixão, não há diferença entre seres humanos e não-humanos.
O senhor Fábio Paiva é uma das pessoas que mais demonstram paixão e compaixão que eu já conheci. Se pessoas de todo o mundo tivessem metade de seu admirável coração, estou certa de que nenhum holocausto ocorreria novamente. O senhor Paiva “perturba” porque ele não está fechando os olhos para o Holocausto animal, e ninguém deveria fazê-lo.

Como dizia o doutor Helmut Kaplan, um famoso judeu, “nossos netos nos perguntarão um dia: ‘Onde vocês estavam durante o Holocausto dos animais? O que vocês fizeram contra aqueles crimes horríveis?’ E nós não poderemos dar as mesmas desculpas uma segunda vez, dizendo que não sabíamos”.

Isaac Bashevis Singer, também judeu, dizia: “Desde que Herman testemunhou o massacre de animais e peixes, ele conservou o mesmo pensamento. Em relação às criaturas, todos os homens são nazistas. A presunção com que o homem pode tratar outras espécies a seu bel prazer revelou a mais racista das teorias, que é o princípio de poder estar certo”.

Outra sentença muito popular em Israel – e que eu sempre uso nas entrevistas às rádios e TVs para descrever as vidas de milhões de animais, vítimas de nosso silêncio – é: “Para os animais, todo dia é Treblinka”. (Alusão ao primeiro campo de concentração onde os judeus foram exterminados em câmaras de gás – Polônia.)

O que estou mostrando aqui é que a comparação, a analogia, foi feita e tem sempre sido feita, inclusive pelos próprios judeus – incluindo os famosos. Portanto, vocês têm de compreender que a única culpa do senhor Paiva é querer romper o silêncio, sem importar se seus métodos são ou não apreciados por todos.

Isto é LIBERDADE DE EXPRESSÃO!

Fábio Paiva não inventou nada. Ele está apenas utilizando o que já existe e dizendo o que já foi dito antes pelos judeus e por nós. Acredito que chocar as pessoas é o último recurso que temos para provocar a reação das pessoas, como acontece em outras situações. É preciso reagir. Lembrando que o silêncio a respeito de outros crimes é errado, como o único recurso que permite que o demônio vença é a inércia dos homens bons. Edmond Burke disse certa vez que “a neutralidade sempre está a favor do opressor, nunca da vítima”.

“O mundo é um lugar perigoso para se viver. Não por causa daqueles que praticam o mal, mas por conta daqueles que enxergam e não fazem nada para freá-lo”. Essa frase foi dita por Albert Einstein [também judeu] e estou certa de que ele adoraria ter conhecido o senhor Fábio Paiva.
Senhor Paiva não está fazendo nada de errado, sendo que sua única sina é tentar salvar vidas. Por favor, estou pedindo a vocês que deixem-no em paz e não interrompam seu maravilhoso trabalho em prol dos animais e da humanidade, já que caminhamos juntos.

Sinceramente,
Jane Halevy


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ORIGINAL, EM INGLÊS:

To who it might concern,

Wednesday, 31st of october2007

My name is Jane Halevy, i am a Jewish woman, living in Israel – and -i am the founder and leader of " International Anti-Fur Coalition "–Fabio Paiva is one of our dearest member,coordinator,and most apreciated leader.

I don't approve your reclamation about Mister Fabio Paiva ,who is fakely accused of discrimination.I can just not close my eyes on such an injustice.

Mister Fabio Paiva is exactly the opposite of the person discribed.He is very gentle,humble, kind, ,caring,and very high minded person.
his only crime might be the nobleness of his heart. How sad !

Love and compassion is not and will never be something you can divide in 2.If a heart feels the compassion,there is no difference between human or not human beings.

Mister Fabio Paiva is one of the most passionate and compassionate person, i ever met.
If people of this world would even have half of his brave heart ;i would be certain that no holocaust would ever occur again. .Mister Paiva " disturbs " because he is not willing to close his eyes over the animal Holocaust, and nobody should.
As well said by this famous Jewish person; Dr Helmut Kaplan ;

"Our grand-children will ask us one day :where were you during the Holocaust of the animals ?what did you do against these horrifying crimes ? we won't be able to offer the same excuse the second time,that we didn't know. "

Another sentence from a jewish man too; Isaac Bashevis Singer;
"As often as Herman had witnessed the slaughter of animals and fish,he always had the same thought; iN THEIR BEHAVIOUR TOWARD CREATURES,ALL MEN WERE NAZIS. The smugness with wich man could do with other species as he pleased exaemplified the most extreme racist theories,the principle that might is right."

And the last one very known in Israel, which i always use myself;also on the radio,and lately on a t,v show ,for discribing the lives of millions of animals,all victims of our silence..

"For animals,it is everyday Treblinka ."

What i'm trying to show here is that the comparaison,the analogy is done and has always be done,by jews themselves,! Even very famous ones .

You have to realize that Mister Paiva's only guilt is wanting to break the silence and no matter what his" methods" are, and if they are apreciated by all or not .

This is Freedom of speech !

Fabio Paiva had not invented anything,He is only using what already exists,and is saying what has already been said,by jews ,by us.

.I aso beleive,myself that sometimes shocking is a last option to make people react.As sometimes people need to be shocked in order to take action.Remaining silent over other crimes is wrong,as the only thing that makes the evil wins is the inaction of good men,as " Edmond Burke, once said.As neutrality always help the opressor,never the victim.

"The world is dangerous to live ! not because of those who make evil,but because of those who watch and don't do anything to stop it ." That is what Albert Einstein said,
One thing is really sure;Mister Einstein would have loved Mister Fabio Paiva.

Mister Paiva is doing nothing wrong, his only sin is trying to save lives. Please,i'm asking you to leave him alone and not interupting his wonderful work for the animals,and for the humanity as it all goes together.

Sincerely yours,
Jane Halevy

Esclarecimento e Comunicado OFICIAIS de Fábio Paiva

Esclarecimento oficial do site Pelo Fim do Holocausto Animal:

http://www.holocaustoanimal.org/esclarecimento.htm

O Grupo “Pelo Fim do Holocausto Animal”, aqui representado na figura de seu responsável, torna público seus esclarecimentos a respeito das acusações que lhe foram impostas: http://www.afropress.com/noticias_2.asp?id=1371

1. Os princípios do Grupo Holocausto Animal não são frutos de uma teoria pessoal, mas de várias entidades e pessoas ao redor do mundo, que comungam dos mesmos anseios – Liberdade para os Animais! Nosso grupo é formado por pessoas de diferentes classes sociais, etnias, credos e religiões.

2. Este ideal deixa claro que somos “Abolicionistas” assim como foram aqueles que lutaram pela liberdade ao longo da história.

3. Jamais poderíamos ter sido acusados de fazer apologia ao racismo. O repúdio aos nossos ideais é uma visão estreita e mesquinha daqueles que não entendem o significado do termo Especismo.

4. Quando das afirmações em se comparar negros a cães e judeus a porcos, são totalmente equivocadas e infundadas. A comparação que queremos mostrar é a do SOFRIMENTO, que na nossa compreensão é igual entre humanos e animais. Os animais são capazes de sofrer, assim como os brancos, negros, judeus, orientais, não importando a etnia. Todo ser vivo é passível de sofrimento.

5. Nunca tivemos a intenção de ofender a memória de quem quer que seja. Ao contrário, se fazemos alusão à escravidão e ao holocausto, mantemos em pauta os nefastos acontecimentos da história da humanidade que jamais devem ser esquecidos para que não se repitam, assim como fazem os judeus mantendo o museu do Holocausto.

6. Repudiamos toda forma de opressão aos seres humanos e animais. A voz da nossa consciência grita todos os dias em nossos ouvidos de que estamos no caminho certo. O caminho da paz e igualdade entre as espécies. Desculpem-nos aqueles que não são capazes de entender a nossa mensagem.

7. Agradecemos as manifestações solidárias, porém, reprovamos e não compactuamos com qualquer tipo de manifestação com ofensas e ameaças dirigidas ao site AfroPress. Se quisermos ser respeitados, temos que respeitar.

8. Reiteramos nossos anseios por um mundo melhor, com uma convivência pacífica entre humanos e não-humanos.

Fábio Paiva

PELO FIM DO ESPECISMO


(a quebra das correntes, símbolo sempre usado pelo site holocaustoanimal.org, que, por si só, já é uma evidência de seu abolicionismo pleno e não-racista, de mesma ideologia que o abolicionismo pelo negros, índios, etc).



Comunicado oficial de Fábio Paiva à AfroPress:

http://www.afropress.com/noticias_2.asp?id=1378

S. Paulo - O ativista dos direitos dos animais Fábio Paiva, responsável pela página www.holocaustoanimal.org, com imagens em que é feita associação entre maus tratos a cães e porcos e a Escrava Anastácia, bem como a judeus nos campos de Treblinka, manifestou desaprovação a mensagens ofensivas enviadas por pessoas do seu grupo à Afropress e a ONG ABC sem Racismo.

A ONG impetrou representação junto ao Ministério Público do Estado pedindo a abertura de investigação para apurar a prática de crime com base na Lei 7.716/89. O caso está sendo apreciado pelo MP de S. Paulo.

“Repudiamos toda forma de opressão aos seres humanos e animais. Também não aceitamos, reprovamos e não compactuamos com as pessoas que enviaram mensagens ofensivas ao site AfroPress”, afirma em e-mail enviado ao jornalista Dojival Vieira, editor de Afropress. Ainda no e-mail, Paiva diz que “ambos os movimentos lutam pelos mesmos ideais”. “Estamos trocando fogo amigo”, conclui.

Veja, na íntegra, o que diz Paiva.



Prezado Jornalista Dojival Vieira

Reafirmando nossa convicção de que jamais tivemos a intenção de ofender a população negra brasileira, entendemos que as comparações apresentadas foram mal interpretadas ocasionando um mal estar entre os movimentos.

Lutamos contra o especismo - discriminação muito arraigada culturalmente e não tão reconhecida socialmente. Baseia-se na diferença de espécie. De modo similar ao sexismo ou ao racismo, a discriminação especista pressupõe que os interesses de um indivíduo são de menor importância simplesmente por pertencer a uma determinada espécie.

Especismo e racismo são formas idênticas de preconceito. Portanto, jamais poderíamos ser acusados de fazer apologia ao racismo e genocídio. Nosso movimento é constituído de brancos, negros, judeus, orientais, pessoas de todas as raças, credos e religiões. Ambos os movimentos lutam pelos mesmos ideais. Estamos trocando "fogo amigo".

Repudiamos toda forma de opressão aos seres humanos e animais. Também não aceitamos, reprovamos e não compactuamos com as pessoas que enviaram mensagens ofensivas ao site AfroPress.

Reiterando nossos anseios de união entre o movimento afro-brasileiro e o movimento animal, as imagens não compreendidas e consideradas um insulto, foram retiradas do site.

Liberdade e respeito para todos os seres.

Cordialmente

Fábio Paiva

www.holocaustoanimal.org

Ativista em defesa dos Direitos Animais

Mensagens recebidas PELO FIM DO HOLOCAUSTO ANIMAL

O site holocaustoanimal.org, injustamente denunciado ao MP como racista e anti-semita, expõe algumas mensagens sensatas que recebeu mas que, por alguma razão, não foram publicadas em outros locais (como o espaço do leitor da AfroPress). Seguem todas as recebidas até hoje, DIA MUNDIAL VEGANO, 1º de Novembro:

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Considero um erro muito grande da Afropress em atacar o Fábio Paiva, pois vários autores, eu inclusive, já fizeram essa comparação.
A rigor, entendo que ninguém mais do que os negros, segmento social que me considero incluído, inclusive com trabalhos científicos publicados sobre assunto, devem estar nessa luta. A luta é a mesma, embora entenda que a ideologia especista ainda esteja muito arraigada no senso comum da população.
Acho ainda que todo afro-brasileiro deveria ser vegan, boicotando a indústria da carne, que nada mais é do que uma fabrica de crueldades que viola frontalmente o artigo 225, VII da Constituição Federal. Não esqueçamos que essa é a mesma que manteve por séculos nossos irmãos e antepassados acorrentados.
Esse erro é o mesmo erro que a esquerda comete em relação ao próprio movimento negro, achando que um movimento específico ( no caso o movimento negro e no nosso o movimento pelos direitos dos animais) vai retirar o foco da luta que eles consideram a luta principal (a luta de classes, no nosso a luta anti-racista).
Na verdade, todos os movimentos de emancipação são complementares, pois os fundamentos são idênticos: a luta contra a discriminação e opressão de um grupo social sobre outro.
Como vemos, os animais são "os oprimidos dos oprimidos", e assim como os negros, os judeus, as mulheres, crianças e homossexuais, os animais serão violentados até que a força política desses grupos se transformem em poder simbólico.
Não tenho dúvida que esta "horrível comparação" serve apenas para alertar a sociedade sobre o que se fez, e ainda faz com os afro-brasileiros, e sobre a imensa dívida social que existe em relação a esse grupo social, e é muito triste que muitos ainda não consigam percebê-lo.
Entendo que qualquer coação para com Fábio Paiva seria um atentado à liberdade de expressão e de pensamento, ainda mais por se tratar de um pensamento justo, posto fundado em sentimentos como o respeito e a compaixão pelo outro.
Assim, entendo que nós do Instituto Abolicionista Animal devemos prestar nossa solidariedade em relação a Fábio Paiva e colocar o nosso corpo jurídico e de consultores à sua disposição.
Como diria Rui Barbosa, a luta abolicionista está apenas começando.

Um forte abraço
Heron Santana
Instituto Abolicionista Animal
http://pt.wikipedia.org/wiki/Heron_José_de_Santana

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Imaginação e atitudes agressivas do grupo Afropress e ABC sem Racismo



Olha, é extremamente difícil de acreditar que pessoas bem intencionadas como o grupo da Afropress / ong ABC sem Racismo estejam se dedicando a atacar de tal maneira o Fábio Paiva, fundador da ong Pelo fim do holocausto animal. Ele é uma pessoa extremamente séria e dedicado a uma causa nobre, de incentivar às pessoas que respeitem e não causem sofrimentos aos animais.

Não conhecia a equipe da Afropress, mas pelo visto se dedicam a promover a causa das pessoas afrodescendentes. É ótimo haver grupos deste tipo, buscando superar a tradição tão negativa dos anos pós abolição da escravatura no Brasil. Eu mesmo gosto muito da cultura afro-brasileira: pratico capoeira e adoro este esporte/cultura/música, fiquei muito feliz de conseguir meu primeiro cordão, com o mestre João de São Paulo, e aprender a fazer tantas manobras que não conseguia antes.

Aparentemente, apesar desta equipe estar tão afinada com a causa dos afrodescendentes, que já passaram por tantas dificuldades e ainda passam, pela abolição oficial de sua escravatura no Brasil ter sido relativamente recente, no fim do século XIX, esta equipe, apesar de dizer que o faz, não considera o sofrimento dos animais, que são tão sensíveis como os humanos, e assim também merecem a abolição de seu sofrimento e consideração de sua dignidade, e resolve atacar um dos mais ativos defensores dos animais, o Fábio Paiva. Lembrar que os defensores dos animais como ele são extremamente necessários, porque os animais não podem se defender ou lutar por seus direitos.

Dignidade universal

Fábio Paiva, como outros defensores dos direitos animais, tem uma profunda consideração e respeito pela dignidade dos seres. Ora, assim sendo, como poderia ele ter a remota intenção de ofender ou discriminar a segmentos da espécie humana, que também é uma espécie animal, a tal Homo sapiens? É um raciocínio fácil de ser feito, creio eu, que ele não teria essa intenção.

Difícil imaginar como alguém pode entender que a comparação de imagens e fatos feita por Fábio, um ativista dos direitos animais, não esteja se referindo ao sofrimento e discriminação por que passaram animais humanos, neste caso por simples diferença de etnia e/ou religião, e por que ainda passam animais não humanos, neste caso por simples diferença de espécie.

Se alguém quisesse de fato, hipoteticamente, comparar humanos a outros animais (considerando que isso seja uma ofensa; aliás, é interessante notar como é fortíssimo este preconceito humano com os outros animais), não precisaria utilizar imagens de sofrimento. Poderia pegar imagens de humanos e de outros animais numa situação qualquer, mais padrão, digamos.

Quem parece estar agindo de maneira preconceituosa é a ong ABC sem Racismo / Afropress, porque atribuem a hipotética comparação do humano com outros animais como um insulto. Ou seja, consideram os outros animais seres extremamente inferiores. Por isso são incoerentes ao dizer que apóiam a causa animal.

Insulto imaginativo e lembrança do mau

Por que seria um insulto a associação de imagens da crueldade com animais com os sofrimentos, as humilhações, torturas e mortes praticadas no escravismo de negros e no holocausto contra judeus? Ora, certos sofrimentos já são bem reconhecidos pela humanidade; outros não são. E é isso o que aparentemente Fábio Paiva quis mostrar, que o sofrimento de outros animais é tão horrível quanto foi o sofrimento de certas populações humanas.

Por acaso, lembrar sofrimentos significa insultar seus representantes? Ora, quando Picasso pintou Guernica, ele estaria insultando esta população, ao retratar e lembrar o que sofreram? Quando frequentemente se lembra da bomba atômica lançada sobre Hiroshima e Nagasaki, e se mostram os japoneses que sofreram as consequencias, se está insultando estas vítimas? Não. Se está lembrando, buscando mostrar esta dor, para que isto jamais aconteça.

E é por meio desta estrutura de lembrança, que Fábio, na situação criticada, acaba na verdade, tanto por criticar o mau tratamento aos animais, como também aos humanos que sofreram. De maneira alguma é possível imaginar que ele estaria querendo denegrir certos humanos. A frodescendentes e judeus também se manifestaram, concordando com que este insulto é muita imaginação.

De todo modo, o fato de "uma semana depois da denúncia da Afropress" as imagens criticadas terem sido retiradas, só confirma que Fábio nunca teve intenção de ofender, como ele mesmo declarou publicamente.

Conclusão: pacifismo e comunicação

Mal-entendidos sempre podem acontecer. A comunicação humana é passível de falha. E realmente é possível que alguns indivíduos possam se ofender por coisas que outros sequer imaginem. Mas, se por um acaso, Fábio Paiva acabou por ofender a alguém, por que este alguém não entrou em contato com ele, e buscou resolver a coisa de uma maneira civilizada e pacífica, como sempre almejamos todos para resolver os eventuais conflitos? Ele é uma pessoa acessível, sensata e honrada, pelo que pude conversar com ele, e pelas várias mensagens que foram enviadas em seu apoio.

Mas não, ao invés disso a ong ABC sem Racismo resolveu tomar uma decisão agressiva e mover uma representação no Ministério Público contra Fábio Paiva, um cidadão que luta por uma causa nobre. Isso é muito triste.

Maurício Kanno
Jornalista e ecologista vegetariano.
http://kanno.com.br/


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Senhor Dojival Vieira:


Equivocada.
Esta é a palavra com a qual adjetivo a denúncia formulada pela ONG ABC sem Racismo junto ao Ministério Público contra o ativista da defesa animal Fábio Paiva.
Apologia, por extensão de sentido, significa “defesa apaixonada de alguém ou algo, elogio, enaltecimento”. Ao acusar às autoridades por escrito e publicamente o autor do site Holocausto Animal de criminoso por fazer apologia à escravidão de negros e ao holocausto de judeus, a autora demonstrou, no mínimo, um elevado grau de não entendimento da palavra escrita. E, infinitamente mais grave, o site AfroPress, ao divulgar na Internet a insensata e irresponsável denúncia, macula o nome e a ação de uma pessoa séria, respeitada no Brasil e no exterior.
Evidente que o site Holocausto Animal deixa claro que abomina toda e qualquer forma de violência, seja ela praticada contra negros, judeus, amarelos, brancos, índios, ciganos e também contra os animais.
E isto fica manifesto na indubitável crítica que o Holocausto Animal formula aos nefastos assassinatos de judeus praticados pelos nazistas, e aos repulsivos e inaceitáveis atos de violência praticados contra os negros.
Jornalista Dojival Vieira: a sua luta é a idêntica luta do ativista Fábio Paiva, e é o estandarte de todos os amantes da Paz. Vamos, juntos, defender o respeito entre todos os seres vivos. Combata, senhor jornalista, toda e qualquer forma de violência, inclusive a praticada contra os animais. Assim, Vossa Senhoria estará honrando ainda mais o magnífico legado que recebeu dos brasileiros negros que tombaram heroicamente na defesa da liberdade.

Aveoé! Avoé! Avé! Ave! Salve!

A minha homenagem à escrava Anastácia, a Zumbi, a Tiradentes, a Bertolt Brecht, a Albert Einstein, a Peter Singer, a Mahatma Gandhi, a tantos e tantos defensores da liberdade, e a todos os “Fábio’s Paiva’s” que repudiam a violência contra seres humanos e não-humanos.

JOSÉ JANTÁLIA

“As pessoas que maltratam animais são insensíveis, são pessoas que não possuem sentimentos superiores de piedade, e elas normalmente são conhecidas como psicopatas, como sociopatas. São pessoas perversas, e normalmente quando praticam um crime, são pessoas de difícil recuperação social.” Guido Palomba – psiquiatra forense

“Entre 135 criminosos, incluindo ladrões e estupradores, 118 admitiram que, quando eram crianças, queimaram, enforcaram ou esfaquearam animais domésticos.” Ogonyok (1970 - Soviet anti-cruelty Magazin)

“Incêndios propositais e crueldades com animais são dois de três sinais de infância que caracterizam o potencial assassino serial.” John Douglas (analista do FBI que estuda o perfil de assassinos)


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Prezado Srs. Dojival e Dolores:

Acessei hoje o site e tive acesso à resposta padrão publicada aos comentários enviados em razão da notícia "Grupo de defesa animal ofende memória de negros e judeus".

Em vista do princípio constitucional da liberdade de expressão, da liberdade de consciência e do igualmente garantido direito de resposta, gostaria que meus argumentos fossem novamente publicados, com destaque em página inicial assim como a referida matéria.

(...) [suprimimos alguns trechos do comentário da Renata pois já foram postados aqui no blog]

Como já comentei, sou descendente de negros. Minha bisavó materna era filha de um negro alforriado. Entretanto, isso não impediu que fosse seqüestrada nas praias de Pernambuco e revendida em São Paulo para um fazendeiro em Atibaia. No tempo que lá passou, foi tratada sem qualquer digninidade, inclusive com uma série de estupro, um que gerou um filho, meu avô (e gosto sempre de lembrar que ele nasceu em 1901 e, portanto, a violência continuou ocorrendo após a abolição da escravatura já que, sem lugar para ir, ela continuou trabalhando na casa).

Ela nunca se revoltou e se submeteu; talvez por isso nunca tenha sido vítima de algum abuso corporal mais extremo... Conheço bem a história de Anastácia e conta a tradição que foi forçada a usar a máscara de ferro - tirando-a apenas para se alimentar - por ter se recusado a manter relações sexuais com um senhor de escravos e acabou morrendo pelo abuso. Mas sei também que a máscara de ferro era colocada em homens negros trabalhadores em minas de ouro, para que não roubassem o metal precioso. O que era isso? Determinismo. Escravos eram tidos preguiçosos e desonestos e era impensável na sociedade da época que se fizesse de outra forma.

Aliás, mesmo os negros alforriados e libertos tiveram seus direitos tolhidos por uma sociedade ainda preconceituosa, como magistralmente retratado nas primeiras cenas do filme brasileiro "Quanto vale ou é por quilo?".

Volto a lembrar: na época na escravidão, negros eram vistos como "força trabalhadora". Mas não como seres humanos plenos e merecedores de dignidade. Infelizmente, o comum nem sempre é normal, o natural.

Mesmo os Quilombos eram ilegais e tidos como subversivos e uma ameaça à economia e à ordem pública. Negros fugidos eram recapturados por capitães do mato com a maior violência possível e, quando devolvidos aos seus "donos", eram "disciplinados" e considerava-se restabelecida a ordem. Mas eu não conheço maior símbolo de liberdade que os quilombos e ninguém nega sua importância histórica no processo de abolição. Acredito que essa ONG jamais tenha tido acesso aos números dos Centros de Zoonose dos Municípios espalhados pelo Brasil.

(...) Ao mesmo tempo, não me vem à mente maior símbolo de abuso que a escravidão humana (e também o holocausto). Ao mesmo tempo, são símbolos universais pela busca da liberdade, embora de animais não humanos.

O que o site "Holocausto Animal" fez foi apenas usar esses símbolos de luta pela liberdade. Ninguém, em momento algum, rebaixou a condição dos seres humanos. [...] É necessário [defender os Direitos dos Animais], por mais que sua ONG não reconheça.

De fato, sua resposta publicada no site também foi altamente ofensiva às minhas convicções, e gostaria de destacar isso, especialmente ao classificar como mero disparate um movimento filosificamente estruturado e com defensores diversos, contando com intelectuais e artistas.

(...)

Entretanto, ainda tenho interesse em mostrar que a referida comparação foi entendida pela "ABC Sem Racismo" de forma completamente distorcida. (...)Nós já partimos do ponto de vista de que animais não são inferiores, concorde ou não. São simplesmente diferentes em muitos pontos, mas semelhantes em outros. E isso por si só desqulifica a queixa elaborada, já que a imagem foi completamente distorcida ao ser retirada do contexto filosófico em que se insere.

Aliás, chamou-me a atenção a expressão "desumanizar a vida", reforçando a idéia de que essa ONG realmente acredita que apenas humanos têm direito inato à vida. Realmente, somente com esse tipo de mentalidade é que se pode entender alguma ofensa pelo uso de um símbolo da luta pela liberdade. A medida tomada pela ONG, do meu ponto de vista não é equilibrada. É, sim, discriminatória contra um grupo que luta pela liberdade de animais que perderam o direito até mesmo de serem animais.

E, mais uma vez, reitero meu apelo para que a queixa seja retirada e que não se prejudique uma causa que, em definitivo, não conflita com a defendida pela "ABC sem Racismo".

Atenciosamente
Renata Octaviani Martins
Advogada
Campinas-SP

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“entretanto, rejeitamos, recusamos e repudiamos com igual veemência, as disparatadas teses que pretendem colocar no mesmo patamar animais irracionais e seres humanos.” (afropress) Srs, em que patamar vcs pensam que estão?????

HOLOCAUSTO – Segundo Aurélio Buarque de Holanda – 1. Entre os antigos hebreus, sacrifício em que se queimavam inteiramente os animais. – 2. sacrifício, expiação. – 3.Massacre de milhões de judeus pelos nazistas.

Sou judia e parte de minha família foi morta em Auschwitz na câmara de gás. Posso atestar que os atos cometidos contra os judeus durante a 2ª Grande Guerra foram atos de crueldade e de sadismo, onde, sem nenhuma sombra de dúvidas, seres humanos se divertiram com o sofrimento de outros seres humanos, ignorando o fato de todos serem da mesma espécie. Isso, seres humanos racionais sentindo prazer ao torturar outros seres humanos também racionais. Garanto, caro Dojival, que nenhum outro animal neste planeta sente prazer em presenciar ou até em proporcionar o sofrimento alheio, seja de um animal da mesma espécie, seja de outro animal de diferente espécie.

O que nos remete a uma pergunta que não quer calar. O que é ser racional ou irracional? Ser racional é ter mecanismos que capacitam o ser humano a ser cruel, mesquinho, intolerante, ambicioso, corrupto, enfim, todas as maravilhas trazidas pela racionalidade humana.

O que Fabio Paiva faz, não é apologia ao nazismo ao à escravidão, ele tenta mostrar o óbvio – O SOFRIMENTO É O MESMO, A VIOLÊNCIA É A MESMA, ou o sr. Dorjival acredita que por ser “racional” sente mais dor que os animais “irracionais”? Em tempo – um porco possui um nível de raciocínio extremamente parecido com o dos seres humanos e são os que mais se aproximam de nós geneticamente. Portanto, o que está nítido é que o Sr. Dorjival se sentiu ofendido ao ser comparado a um cachorro, como eu deveria supostamente me sentir ofendida por ser comparada a um porco. E isso não é fazer apologia, é tecer uma comparação de situações, (e por que não de espécies?) o que em hipótese alguma pode ser configurado como crime. E cá para nós, quem decidiu que somos melhores que os animais e que não podemos ser comparados a eles???

Claudia Pentiocinas
Assessora Jurídica Parlamentar
Gabinete do Vereador Aurélio Miguel
(011) 3396 4258 (011) 7651 2268

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"Nossas vidas começam a terminar no dia em que permanecemos em silêncio sobre as coisas que importam". (Dr. Martin Luther King Jr. 1929/1968)

Caros, li sobre a representação e acredito que a Ong ABC SEM RACISMO labora em profundo equívoco ao denunciar o Ambientalista Fábio Paiva e seu belo trabalho com o site Holocausto Animal pelo suposto crime de "Apologia à escravidão e ao holocausto" e explicarei as razões de minhas colocações:

Segundo o Dicionário Michaelis a palavra Apologia tem dois significados: 1. Discurso ou escrito laudatório para justificar ou defender alguém ou alguma coisa. 2. Elogio, louvor.

Ora, quando o Fabio faz uma comparação entre o tratamento que é dado aos animais até a presente data com fatos lamentáveis, vergonhosos, dramáticos mas reais da história da humanidade, não existe a possibilidade de algum ser racional interpretar que isso seja modo de louvar, elogiar ou defender os criminosos ou o crime.

Fazer apologia ao racismo é elogiar essa atitude odiosa que considera alguma característica física de um ser como inferior ou menor, etc.

Fazer apologia ao holocausto é enaltecer os feitos dos alemães da segunda guerra, usar suásticas, etc etc etc.

Uma coisa que os representantes da ONG ABC SEM RACISMO parece desconsiderar é seu próprio preconceito ao dar intensas demonstrações de espécie à comparação de seres humanos com animais. (...) Isso é especismo.

Será que não seria melhor que entidades que representam segmentos de seres humanos que foram perseguidos, sacrificados e mesmo imolados através da história por motivos comerciais ou racistas não tivessem uma maior e melhor sensibilidade para com outros seres vivos que sofrem até hoje e não tem a menor possibilidade de defesa, e criasse sua ala de defesa dos direitos aos animais??

Ou será que alguém imagina em sã consciência que será criado um movimento secreto de resistência e libertação suína? uma revolução das galinhas, ou dos bois?

Não consigo entender qual palavra da frase "os animais são indefesos" é de difícil compreensão.

Eu poderia lembrar de varias citações, de gente muito, mas muito importante através da história sobre a preocupação de seres humanos com seus irmãos animais (eu afirmo que sou irmã de todos e mãe de três) mas prefiro lembrar de duas, por motivos óbvios:

A primeira é.do Pastor (alemão!?) Luterano Martin Niemöller (1892/1984) , ganhador do Prêmio Lênin da Paz de 1966:
"Primeiro vieram buscar os judeus e eu não me incomodei porque não era judeu. Depois levaram os comunistas e eu também não me importei pois não era comunista. Levaram os liberais e também encolhi os ombros. Nunca fui liberal. Em seguida os católicos, mas eu era protestante. Quando me vieram buscar já não havia ninguém para me defender…"

A segunda, da escritora afroamericana Alice Walker (1944), autora do maravilhoso A Cor Púrpura: "Os animais existem por suas próprias razões. Eles não foram feitos para humanos, assim como negros não foram feitos para brancos ou mulheres para os homens." Será que a ONG representará também contra Alice Walker?

abraços
Denise Grecco Valente
www.direitoanimal.org

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hello dear Fabio !
i might not be black, but i'm definitly a jew, i also don't see any differece; a slaughter is a slaughter; human or not, Once it had been ignored and 6 000 000 of our people had been brutally killed !
This time ,with the animal slaughter, we have to act, so that our grand children won't have to ask us where have we been during the animal holocaust, we won't be able to say twice;
we did not know ! you know this sentence, right...
anyway, you can tell people who are accusing you, to contact me ; i'll speek up as a jew !

love,and best apreciations,

Jane Halevi
International Anti-Fur Coalition
World coordination


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Dear Mr. Paiva:
I am general counsel to PETA and we have just learned of the charges filed against you in Sao Paulo by ABC sem Racismo relating to the http://www.holocaustoanimal.org/ web site. I am hoping to speak with you as soon as possible to discuss how we might assist you in defending these charges and protecting your right to speak out for the animals. If you are represented by a lawyer, I would be pleased to speak with him or her. Can you please email me with the dates and times you or your lawyer are available for a telephone discussion? I will be pleased to phone you or your attorney. My apologies for having to write in English as I do not speak Portuguese. Thank you and I look forward to speaking with you.

Kind regards,

Jeff Kerr.
Jeffrey S. Kerr

General Counsel and
Vice President of Corporate Affairs

The PETA Foundation

JeffK@FSAP.org


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Links das mensagens recebidas pelos leitores Pelo Fim do Holocausto Animal:
http://www.holocaustoanimal.org/mensagens_recebidas.htm
http://www.holocaustoanimal.org/mensagens_recebidas_02.htm
http://www.holocaustoanimal.org/mensagens_recebidas_03.htm

terça-feira, 30 de outubro de 2007

O caso "Holocausto Animal" vs. "ABC sem Racismo", por Renata Octaviani

[entre colchetes explanações do blog]

Em 21 de outubro de 2007 a ONG "ABC sem Racismo" ingressou com representação perante o Ministério Público do Estado de São Paulo alegando que o site Holocausto Animal, por meio de seu representante Fábio Paiva, havia ofendido a memória de negros e judeus com a elaboração de dois cartazes de conscientização contra o especismo.
Por meio do site Afropress, a ONG manifestou-se alegando que se tratavam de "comparações bizarras e atentatórias à memória dos negros exibindo a imagem conhecida da Escrava Anastácia, personagem lendária e considerada santa pela devoção popular brasileira, colocada ao lado de cães com focinheiras."
Mas não somente as fotos foram entendidas como ofensivas como a ONG ampliou a [sua]interpretação de tal maneira que entendeu como prática de crime de apologia à escravidão e ao holocausto.
O que começou com uma troca de e-mails entre ativistas pelos animais e a ONG acabou virando uma troca de farpas, incluindo até mesmo defensores dos animais dando razão para a ABC sem Racismo.
Inicialmente, comentários foram enviados explicando tratar-se de um paralelo sem nenhuma conotação racista. Sim, algumas pessoas se excederam, mas sei de pelo menos um caso em que esse excesso foi corrigido em e-mail posterior e substituído por argumentos, sem que a ONG considerasse justamente essa correção, publicando apenas a primeira mensagem. Ainda, tive acesso a uma grande quantidade de textos enviados por e-mail, respeitosos e bem fundamentados, e que não tiveram qualquer resposta ou publicação.
Ainda, a ONG publicou resposta padrão em todos os comentários contrários à representação, classificando como "disparatadas teses que pretendem colocar no mesmo patamar animais irracionais e seres humanos.", o que eu também considero ofensivo à filosofia do grupo (e, por isso, pedi um direito de resposta que foi sumariamente ignorado).
Entre as mensagens de apoio, há até mesmo quem tente equiparar a situação a preconceito contra religiões de origem africana por praticarem sacrifícios com animais (sim, defensores dos animais são contrários a sacrifícios, mas ir contra um ritual específico não pode ser entendido como preconceito contra a religião ou tradição como um todo).
A história culminou com a publicação do editorial "A fúria vegana e o nosso direito", acusando a ativista Gabriela Toledo, presidente do PEA, de envio de um e-mail com ameaças concretas. O PEA, entretanto, negou veementemente a autoria desse comentário (e isso também não consta no site da entidade).
Por tudo o que acompanhei, a ONG peca também por sua parcialidade e ocultação de todos os fatos. O fato é que hoje se formaram basicamente três facções:
a) Os defensores dos animais, alegando que não existe ofensa
b) Os integrantes da ABC sem Racismo e outras entidades que lutam contra o preconceito, alegando que há ofensa
c) Defensores dos animais alegando que pode haver ofensa mas não apologia à escravidão e ao holocausto [portanto, não justificam a denúncia feita ao MP].
O assunto povoa tópicos do Orkut, foram criadas cartas abertas, blogs de apoio e até mesmo um desagravo público em favor de Fábio Paiva. Enquanto isso, a promotoria ainda não se manifestou sobre o seguimento ou não da representação (ou mesmo se é ou não competente para a análise das peças veiculadas via internet).
Finalmente, o criador do site Holocausto Animal tentou se retratar e enviou um e-mail explicando que não havia qualquer intenção de ofensa e inclusive retirando os links para as imagens das páginas. Esse e-mail foi publicado - com o que eu entendi como irônico - título destacado em página oficial "Fogo amigo?" (com interrogação), sem direito a qualquer comentário adicional por parte da ONG.
Eu mesma sou descendente de negros (embora eu me pergunte: e quem não é?). Entretanto, sou vegetariana e ativista pelos direitos dos animais, conhecendo há tempos o trabalho do Fábio Paiva e inclusive referidas imagens que agora causam tanta polêmica. Infelizmente, entendo que as imagens foram tiradas do contexto ([eu, Renata Octaviani,] peço sua paciência e atenção para que leia esse artigo até o fim antes de tirar suas próprias conclusões) e isso pode trazer graves conseqüências a uma minoria ideológica, pacífica e filosoficamente estruturada, que defende nada mais do que o valor "liberdade" em toda a sua extensão.
Inicialmente, o veganismo (embora tenha sido tachado como radical de modo perjotativo) é uma doutrina que prega uma postura ética de não alimentação de carne ou quaisquer derivados animais. Também não se utilizam peles, pêlos, ossos, produtos testados em animais, entre outros.
Gostaria de citar famosa frase de Alice Walker:"Os animais do mundo existem por suas próprias razões. Não foram feitos para os seres humanos, do mesmo modo que os negros não foram feitos para os brancos, nem as mulheres para os homens."(Alice Walker)
Quem é Alice Walker? A escritora ganhadora de um Prêmio Pulitzer. Mais que isso, africana, filha de agricultores, graduada com muito esforço, e autora do mundialmente famoso romance "A Cor Púrpura", obra essencial que retratou a vida dura, pobre, oprimida e sem amor de uma negra sulista norte americana. Portanto, negra e ativista.
Alice Walker sente grande empatia pelos animais e enxerga o paralelo entre as próprias experiências com a discriminação e o modo como os animais são usualmente tratados. Tanto que prefaciou o livro "A terrível semelhança - Escravidão Humana e Animal" (tradução livre do original em inglês, The Dreaded Comparison: Human and Animal Slavery), da escritora Marjorie Spiegel.
Marjorie Spiegel fez esse pequeno porém corajoso livro em 1988 (portanto, há quase 20 anos!) revelando extraordinárias similaridades entre os dois sistemas de opressão (pode ser encontrado em sites como o Amazon, inclusive com acesso às primeiras páginas). Entretanto, não é popular, seguro ou conveniente a divulgação desse tipo de informação e a ameaça ao sistema econômico vigente, baseado em exploração dos animais ditos irracionais por parte dos seres humanos.
Esse livro, aliás, começa com a seguinte citação, proferida em 1776 por Dr. Humphrey Primatt, pastor anglicano: "Dor é dor, independente de ser inflingida ao homem ou ao animal; (...) O Homem branco... não pode ter direito, em razão de sua cor, a escravizar e tiranizar um homem negro... Da mesma forma, o homem não tem direito natural de abusar e atormentar um animal."
Em seguida, ela rebate magistralmente as razões pelas quais não se pode considerar de forma alguma a comparação de especismo com racismo como uma ofensa. Recomendo a leitura.
E a questão, realmente, é apenas essa. Dor é dor. Abuso é abuso.
Também gostaria de citar Martin Luther King, Jr (acredito que dispense apresentações) e sua esposa Coretta Scott King:
"A covardia coloca a questão, 'É seguro?'
O comodismo coloca a questão, 'É popular?'
Mas a consciência coloca a questão, 'É correto?'
E chega uma altura em que temos de tomar uma posição que não é segura,
Não é elegante,
Não é popular,
Mas o temos de fazer porque a nossa consciência nos diz que essa é a atitude correta."
(Martin Luther King Jr, 1929 - 1968)"
Promover os direitos animais seria a próxima extensão lógica da filosofia de não-violência de Martin Luther King, Jr."
(Coretta Scott King - 27 de abril de 1927 - 30 de janeiro de 2006)"
Gosto de lembrar que - embora Marthin Luther King não o fosse - Coretta, por influência de um de seus filhos, adotou o veganismo e o entendia como extensão da luta de seu marido.
Conheço bem a história de Anastácia e conta a tradição que foi forçada a usar a máscara de ferro - tirando-a apenas para se alimentar - por ter se recusado a manter relações sexuais com um senhor de escravos e acabou morrendo pelo abuso. Mas sei também que a máscara de ferro era colocada em homens negros trabalhadores em minas de ouro, para que não roubassem o metal precioso, engolindo-o. O que era isso? Determinismo. Escravos eram tidos preguiçosos e desonestos e era impensável na sociedade da época que se fizesse de outra forma.
Aliás, mesmo os negros alforriados e libertos tiveram seus direitos tolhidos por uma sociedade ainda preconceituosa, como magistralmente retratado nas primeiras cenas do filme brasileiro "Quanto vale ou é por quilo?". Volto a lembrar: na época na escravidão, negros eram vistos como "força trabalhadora". Mas não como seres humanos plenos e merecedores de dignidade. Infelizmente, o comum nem sempre é o normal, o natural e muito menos o justo.
Mesmo os Quilombos eram ilegais e tidos como subversivos e uma ameaça à economia e à ordem pública. Negros fugidos eram recapturados por capitães do mato com a maior violência possível e, quando devolvidos aos seus "donos", eram "disciplinados" e considerava-se restabelecida a ordem. Mas eu não conheço maior símbolo de liberdade que os quilombos e ninguém nega sua importância histórica no processo de abolição.
Entre os autores brasileiros, a filósofa Sônia T. Felipe desenvolveu seu projeto de pós doutorado em Bioética, com recorte específico em Zooética, apoiada pela UFSC. O seu argumento principal é que, na tradição ocidental (diferentes de muitas das tradições orientais, por exemplo) o animal sempre esteve ligado à utilidade para os negócios humanos, considerado como propriedade e nunca como indivíduo. É justamente contra essa idéia que luta o veganismo-abolicionista e é aí que repousa a semelhança e que não pode, de maneira nenhuma, ser encarada como ofensiva.
Há ainda outra frase famosa entre os ativistas:
"Em seu comportamento com os animais, todos os humanos são nazistas".
A conclusão é de Isaac Bashevis Singer, judeu-polonês sobrevivente do nazismo, vegetariano convicto e ganhador do Nobel de Literatura. Escrevia, inclusive, em iídiche. Será que podemos tachá-lo por preconceituoso ou será que sua própria experiência serviu como parâmetro para que conceitos pouco discutidos fossem repensados pelo autor?
Acredito que referida ONG jamais tenha tido acesso aos números dos Centros de Zoonose dos Municípios espalhados pelo Brasil. Acredito que jamais tenha estabelecido um diálogo com ONGs de defesa animal e visto os mais variados abusos sofridos por esses seres (os abandonados e também aqueles com "dono"). Que nunca tenha visto o horror de um teste Draize ou a dor e medo dos animais em um abatedouro. E somente isso, o desconhecimento, pode levar ao medo e a conclusões com essa que vemos na Afropress.
A título de curiosidade, e destacando que esses números se repetem a cada ano:
30 bilhões de animais são mortos por ano para experimentação científica
30 bilhões são mortos para alimentação
400 milhões para caça esportiva120 milhões para a indústria da moda
40 milhões para controle de zoonoses
(números oficiais, divulgados pela Sociedade Vegetariana Brasileira [www.svb.org.br]).
Infelizmente todas essas mortes (salvo raras exceções) são legalizadas, mas entendemos que não são justas. Ao mesmo tempo, não me vem à mente maior símbolo de abuso que a escravidão humana (e também o holocausto). São símbolos universais pela busca da liberdade, inclusive de animais não humanos.O que o site "Holocausto Animal" fez foi apenas usar esses símbolos de luta pela liberdade. Ninguém, em momento algum, "rebaixou" a condição dos seres humanos.
Aliás, a Afropress divulgou que, na foto envolvendo a memória dos negros, o paralelo é feito entre a Santa escrava e "um cão usando focinheira". Peço atenção para esse ponto: de fato, é uma fotografia clara de maus tratos pois o cão está com uma lata de conservas (acredito já tenham visto o interior de uma lata de conservas abertas e constatado como é cortante) enterrada em seu focinho, o que certamente lhe causou muita dor física. Mas quase ninguém percebeu isso e ninguém da ONG discutiu esse fato. É realmente irrelevante que uma comparação seja feita não com um cachorro, mas com um cachorro torturado e outra não com porcos, mas porcos assassinados?
Não sou mundialmente famosa, tenho pouca voz, não dirijo uma ONG, mas faço minha parte na luta contra as mais diversas formas de desigualdade. E defender os direitos dos animais no Brasil - terra da feijoada, do sarapatel, das peixadas, do churrasco, da farra do boi, dos rodeios - certamente não é popular e não é elegante. Mas é necessário.
Somos, inclusive, contrários ao sacrifício de animais, sim (e notamos por acórdão proferido no Rio Grande do Sul em voto do desembargador Araken de Assis que o sacrifício de animais para práticas religiosas acabou mantido a partir de um paralelo feito com o abate para consumo humano. Mas nós somos contra o abate para consumo também, não fazemos distinção). Mas não vamos contra uma religião específica e sim contra uma prática específica (também não somos simpáticos a perus e porcos mortos para a ceia - costumamos sugerir ceia sem carne para as pessoas - e nem por isso vamos contra a comemoração do Natal em si).
Trata-se de um movimento filosificamente estruturado e com defensores diversos, contando com intelectuais, artistas e profissionais de todos os tipos. Há até mesmo a organização "Black Vegetarians", fundada por mulheres negras norte americanas e pode ser consultada no link http://www.blackvegetarians.org/index.htm
Não estamos "humanizando animais"; apenas clamamos para que sejam tratados como animais, como seres vivos, com características próprias, dotados de sensibilidade e até mesmo estrutura familiar, demonstrações de afeto, memória e consciência. Hoje em dia, são tratados como coisas, como propriedade, como objetos de estudo e pedaços de carne.
Entenda-se, não se pode ler "Para os animais, todos os humanos são nazistas" como "Para os vegetarianos, todos os judeus e negros são animais." (inclusive adotando-se "animal" no sentido perjorativo). Essa é uma inversão lógica inadmissível! Assim com tomar a imagem de porcos e cães no sentido perjorativo se a filosofia do grupo que veiculou a imagem certamente não admite essa conotação.
No mais a questão é: por que é um insulto ser comparado a um animal? Que valores são levados em conta ao tomar "animal" como um termo perjorativo? Não somos animais? Nossa racionalidade nos dá poder de bem estar, vida e morte de outros seres ou deveria nos trazer mais responsabilidade e consciência?
As resposta vão indubitavelmente de encontro ao sistema de crenças que eu e diversos outros ativistas combatemos, chamado especismo. Nós já partimos do ponto de vista de que animais não são inferiores. São simplesmente diferentes em muitos pontos, mas semelhantes em outros. E isso por si só desqualifica a representação encaminhada, já que a imagem foi completamente distorcida ao ser retirada do contexto filosófico em que se insere.
Mesmo que não se concorde com esse sistema de idéias, é evidente que não há qualquer apologia à escravidão ou desrespeito.
A medida tomada pela ONG, do meu ponto de vista não é equilibrada. É, sim, discriminatória contra um grupo que luta pela liberdade de animais que perderam o direito até mesmo de serem animais.
Concluindo:
a) imagens de escravos e do holocausto são símbolos de abusos e ao mesmo tempo símbolos de luta pela liberdade;
b) o veganismo é uma orientação filosoficamente estruturada e que luta pela liberdade de uma forma ampla;
c) a imagem foi indevidamente tirada desse contexto filosófico e simbólico;
d) independente de se concordar ou não com o veganismo e "Libertação Animal", a imagem dentro do contexto não pode ser encarada como ofensiva e muito menos como apologia à escravidão.Nesse contexto, é evidente que a comparação com porcos e cães é meramente circunstancial;
e) Entender a imagem de porcos e cães como perjorativa é fruto dos próprios preconceitos e jamais foi a imagem passada pelo site.
VegVida.com.br Links relacionados
Afropress:
Artigo original e links para comentários: http://www.afropress.com/noticias_2.asp?id=1371
Resposta padrão aos comentários contrários: http://www.afropress.com/palavra_do_leitor_2.asp?id=836
Editorial "A Fúria Vegan e o nosso direito": http://www.afropress.com/editorial.asp
Manifestação de Fábio Paiva: http://www.afropress.com/noticias_2.asp?id=1378
Cartazes polêmicos:
Blog de Apoio: http://respeitoatodos.blogspot.com/ [aqui mesmo!]

Sobre a polêmica do Holocausto Animal, por Rafael Bán Jacobsen

Sobre a polêmica do Holocausto Animal

É, no mínimo, emblemático o caso da representação impetrada recentemente pela ONG ABC sem Racismo, baseada em denúncia da Afropress, sobre imagens veiculadas pelo site Holocausto Animal, imagens em que escravos africanos amordaçados aparecem justapostos a cães com focinheira e nas quais, também, judeus aprisionados em campos de concentração aparecem lado a lado com diferentes animais em cenas de confinamento e abate. É emblemático, pois ilustra muito bem dois fatos bastante comuns: o analfabetismo funcional e o egoísmo da dor.

Comecemos pelo segundo. Há uma lei natural do ser humano: a minha dor é sempre a maior dor do mundo. E isso vale tanto individualmente (a minha dor de dente com certeza é mais forte do que a do vizinho) quanto coletivamente. Sendo judeu, cresci acostumado ao eterno sentimento de pesar e dor da comunidade com relação aos antepassados exterminados pelos nazistas no Holocausto. Todos os anos, lembramos e lamentamos o fato, oramos, acendemos velas. A dor de nosso povo é incomensurável. Calculo que, na comunidade negra, o sentimento relativo ao período da escravidão seja análogo. Dessa forma, qualquer um que venha tentar equiparar sua dor à nossa já, de antemão, não costuma ser visto com muita simpatia. Ora, que petulância: imaginar que sofre tanto quanto eu! Pior ainda se esse outro for o que milhares de anos de cultura antropocêntrica vieram a estigmatizar como seres "irracionais" e, portanto, inferiores. Comparar a dor humana com a de animais não-humanos, que petulância! Convém lembrar que tanto o massacre dos judeus quanto a escravidão dos africanos tiveram por base a aceitação desse estigma de inferioridade. Não admitir a existência dessa dimensão que se pode denominar "racionalidade", "alma" ou "psiquismo" nos judeus, nos negros ou nos animais é uma forma de exercício de poder. Se é assim, posso usá-los como bem entender, sem enfrentar dilemas morais. É dessa forma, admitindo a inferioridade, que, por exemplo, instituições como o clero (até suas mais altas esferas, no Vaticano) conviveram tranqüilamente com a opressão dos negros e dos judeus. Por esse mesmo mecanismo, agora, todos nós, indivíduos da espécie humana, convivemos com o uso dos animais para satisfação de nossos interesses (não só convivemos com o uso como o temos como perfeitamente natural, sendo quase impensável um mundo sem isso). A postura humana de colocar suas mais desimportantes preferências (satisfação do paladar, busca por testar um cosmético, vestir uma certa roupa) à frente dos interesses mais fundamentais dos outros animais (não sentir dor, crescer em seu ambiente natural, não ser morto) é o que se convencionou chamar, na filosofia dos direitos animais, de especismo, em analogia com palavras tais como racismo ou sexismo. As imagens veiculadas pelo site Holocausto Animal não são nada mais do que uma ilustração desse conceito: dor é dor, exploração é exploração, humilhação é humilhação, não importando a cor da pele, a etnia, o tamanho do nariz e, por incrível que pareça, nem mesmo a espécie. Chegamos aí na questão do analfabetismo funcional.

Certamente, um desavisado que vá olhar as imagens terá, como primeira reação, o ato reflexo de se sentir ofendido, isso devido ao egoísmo da própria dor e ao desconhecimento do conceito de especismo, temperados pela mentalidade antropocêntrica atávica. É aquilo: o sujeito lê (aqui tem um porco, ali tem um judeu; aqui tem um escravo negro, ali tem um cachorro), mas, por falta de informação, não entende o sentido da mensagem, que é bem mais sutil, avesso a interpretações reducionistas do tipo "estão fazendo pouco da minha dor" ou "estão me chamando de porco".

Aliás, as polêmicas imagens, que, como disse, tentam apenas explicitar o conceito de especismo, estão baseadas em trabalhos de diversos filósofos que se debruçam sobre a questão dos direitos animais. Um dos mais eminentes é o australiano Peter Singer, autor do clássico Libertação Animal, de 1975. Na obra, em diversos trechos, Singer invoca barbáries praticadas por humanos sobre outros grupos de humanos (judeus e africanos, inclusive), estabelecendo um paralelo ilustrativo com o tipo de barbárie que todos nós cometemos contra tantos animais sensíveis e conscientes. Singer, por acaso, é judeu, e seus avós pereceram em campos de concentração. Mas a polêmica comparação não é monopólio de Peter Singer ou do site Holocausto Animal.

Se o sujeito abrir uma novela muito interessante chamada O Penitente, de autoria de Isaac Bashevis Singer, judeu e Prêmio Nobel de Literatura, vai se deparar com o seguinte trecho, em que o narrador, um judeu relapso que decide se voltar à espiritualidade e abandonar as coisas mundanas, tornado-se justo e virtuoso, se questiona sobre a exploração dos animais: "Há muito eu chegara à conclusão que o tratamento do homem para as criaturas de Deus torna ridículos todos os seus ideais e todo o pretenso humanismo. Para que este estufado indivíduo degustasse seu presunto, uma criatura viva teve de ser criada, arrastada para sua morte, esfaqueada, torturada e escaldada em água quente. O homem não dava um segundo de pensamento ao fato de que o porco era feito do mesmo material e que este tinha de pagar com sofrimento e morte para que ele pudesse saborear sua carne. Pensei mais de uma vez que, quando se trata de animais, todo homem é um nazista."

Mais ainda, se alguém resolver ler mais um pouco de boa literatura, pode esbarrar com o livro A Vida dos Animais, do Prêmio Nobel, J.M. Coetzee, no qual se lê o seguinte trecho: "Aparentemente, eu me movimento perfeitamente bem no meio das pessoas, tenho relações perfeitamente normais com elas. É possível, me pergunto, que todas estejam participando de um crime de proporções inimagináveis? Estou fantasiando isso tudo? Devo estar louca! No entanto, todo dia vejo provas disso. As próprias pessoas de quem desconfio produzem provas, exibem as provas para mim, me oferecem. Cadáveres. Fragmentos de corpos que compraram com dinheiro. É como se eu fosse visitar amigos, fizesse algum comentário gentil sobre um abajur da sala, e eles respondessem: 'Bonito, não é? Feito de pele judaico-polonesa, é o que há de melhor, pele de jovens virgens judaico-polonesas.' E aí eu vou ao banheiro, e a embalagem do sabonete diz assim: 'Treblinka – 100% estearato humano'. Será que estou sonhando, pergunto a mim mesma? Que casa é esta? E não estou sonhando, não. (...) Calma, digo para mim mesma, você está fazendo tempestade em um copo d´água. Assim é a vida. Todo mundo se acostuma com isso, por que você não? Por que você não?"

Posso ainda dar um exemplo pessoal. Sou escritor e, recentemente, participei de uma coletânea de contos chamada Ficção de Polpa (Editora Fósforo, 2007), e meu conto, de ficção cinentífica, tem por título "Quando eles chegaram". A história é uma tentativa de resposta a uma velha questão da retórica vegetariana: o que nós humanos pensaríamos e sentiríamos se uma espécie alienígena que se julgue superior invadisse nosso planeta e fizesse conosco tudo o que hoje fazemos com os animais? Qual não foi minha surpresa ao perceber que 80% dos leitores haviam enxergado, no meu trabalho, uma metáfora do holocausto judaico, embora eu não tivesse pensado nisso um segundo sequer ao escrever o texto.

Ou seja: o paralelo entre a escravidão, a exploração e a matança de judeus e negros com a escravidão, a exploração e a matança de animais existe, queira eu, Rafael Bán Jacobsen, ou não, queira a ONG ABC ou não, queira a Afropress ou não, queira o Papa ou não. E ela está por aí, é de domínio público: não pertence ao Holocausto Animal, nem a Peter Singer, nem a Coetzee, nem a Bashevis Singer, nem a mim (a rigor, a polêmica campanha do Holocausto Animal nada mais é do que uma simples tradução de uma conhecidíssima campanha do Peta – People for Ethical Treatment of Animals). Na dúvida, pelo bem da justiça, todos devem ser processados, não apenas um certo site tupiniquim, fazendo as vezes de bode expiatório. Sejamos coerentes. Processemos o Peta. Processemos Peter Singer. Processemos Coetzee. Processemos Bashevis Singer. Não, esse não, esse já morreu. Processemos então a Academia Sueca, por ter prestigiado esses dois últimos pusilânimes preconceituosos com o Prêmio Nobel. Processemos Rafael Bán Jacobsen, por acreditar que o paralelo existe e por, apesar de ser judeu, não se sentir violentado pela comparação (sente-se violentado, sim, por um grupo de pessoas de quem nunca ouviu falar se dar o direito de se posicionar por ele e dizer "nós judeus estamos ofendidos"). Processemos o inconsciente coletivo.

Antes disso, porém, recomendo que todos leiam Peter Singer, leiam Coetzee, leiam Bashevis Singer. A leitura é redentora. A leitura engrandece e diminui a ocorrência de interpretações errôneas e sem sentido maior do que aquele ditado pelo nosso egoísmo, nossa ignorância e nossa prepotência.

É a esse ponto que nossa racionalidade nos conduziu: duas guerras mundiais, devastação ambiental, crescimento populacional desenfreado, aquecimento global e até mesmo peleja de ONGs que, no fundo, lutam pelos mesmos ideais – justiça, igualdade e não-violência.

Pobres animais, que não podem reclamar de serem comparados conosco.

Pobres de todos nós, que festejamos nossa racionalidade enquanto o mundo desaba sobre nossas cabeças.

Que a paz esteja conosco – se ainda houver lugar para ela!

Shalom aleichem,

Rafael Bán Jacobsen

(Escritor, físico nuclear, professor, pianista, judeu e, por acaso, vegano)

Porto Alegre, 28 de outubro de 2007

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Rafael Bán Jacobsen é coordenador da SVB-POA

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Carta aberta de George Guiamarães (VEDDAS) aos ablicionistas em geral


Carta aberta a dois movimentos abolicionistas: negro e pelos direitos animais

George Guimarães, VEDDAS – Vegetarianismo Ético, Defesa dos Direitos Animais e Sociedade

28/10/2007


Primeiro eles vieram atrás dos comunistas, mas eu não era um comunista, por isso eu não falei em favor deles.
Depois eles vieram atrás dos socialistas e dos sindicalistas, mas eu não era um deles, por isso eu não falei em favor deles.
Depois eles vieram atrás dos judeus, mas eu não era um judeu e por isso eu não falei em favor deles.
E quando eles vieram atrás de mim, não havia mais ninguém para falar em meu favor.

- Poema do pastor alemão Martin Niemoller (1892-1984) sobre a inatividade dos intelectuais alemães enquanto observavam o partido nazista ascender ao poder e eliminar cada um dos grupos que se contrapunha ao regime nazista.


Dos fatos
A última semana trouxe uma notícia que causou a mobilização de alguns representantes dos movimentos negro e pelos direitos animais. O texto que deu início à polêmica foi publicado no dia 21/10/2007 em
http://www.afropress.com/noticias_2.asp?id=1371 e relata uma denúncia feita ao Ministério Público de São Paulo contra um grupo de defesa animal que publicou a imagem da escrava Anastácia ao lado da imagem de um cão submetido à crueldade humana.

No dia 26/10/2007 foi publicado na mesma agência de notícias, mantida pela ONG denunciante, um editorial com o título “A fúria vegan e o nosso direito” no qual se lê uma generalização entre a imagem considerada ofensiva pela ONG denunciante e todo o movimento pelos direitos animais. Sobre o teor do referido editorial (que pode ser lido em
http://www.afropress.com/editorial.asp com cópia em www.veddas.org.br/editorialafropress.htm ) eu comento mais adiante na presente carta. Por hora, relato que foi após a publicação do referido editorial que pude perceber o teor que estava tomando a queixa movida por representantes do movimento negro,, configurando uma enorme extrapolação dos fatos.

Reflexão e o verdadeiro paralelo
Será que há um humano que não se choque ao ver fotos como as dos campos de concentrações nazistas ou a da escrava Anastácia submetida ao uso de uma máscara de ferro? Eu duvido que haja quem possa ser indiferente a essas imagens, mas talvez eu apenas esteja sendo ingênuo. O que eu posso afirmar ao certo sem incorrer no risco de estar sendo ingênuo é que os ativistas pelos direitos animais não olham para estas imagens com indiferença. E, se alguns grupos escolhem usar estas imagens para traçar um paralelo aos abusos cometidos contra os animais não-humanos, não o estão fazendo para minorar a relevância da tortura e da violação que essas imagens de negros e judeus representam. Eles o fazem porque entendem que a dor e a miséria vivida pelos animais na nossa sociedade é imensa, e o uso desse paralelo busca resgatar na mente coletiva a informação de total repúdio às atrocidades da escravidão e do holocausto nazista e assim convidar as pessoas a refletirem sobre o holocausto diário que vivem os animais não-humanos que a nossa sociedade subjuga da mesma maneira que antes já subjugou outras etnias e religiões manifestas dentro da nossa própria espécie. Portanto, a comparação não é pejorativa, haja vista que não compara os diferentes seres ali retratados, mas sim o sofrimento e a injustiça a que ambos foram e continuarão sendo submetidos até que uma parcela representativa da sociedade tome para si a luta que é, na verdade, uma luta em benefício do outro que tem representação minoritária (negros, judeus, mulheres, índios, homossexuais, crianças, animais). Assim foi o caso da emancipação dos negros, assim será o caso da libertação animal.

A comparação que está sendo debatida atualmente tem o objetivo de condenar ambas as situações, considerando uma injustiça como sendo tão inquestionável quanto a outra. Se para a pessoa comum as imagens do holocausto nazista e da escravidão dos negros representam atrocidades e injustiças, para um ativista pelos direitos animais as imagens de açougues e frigoríficos representam um sentimento semelhante de dor e injustiça. Ainda que não possamos comparar os sentimentos de dor e sofrimento, mesmo entre indivíduos da mesma espécie, é prudente refletir que a insensibilidade ao sofrimento alheio e a desconexão com o meio natural são os desvios essenciais que levam alguns (na verdade, muitos) seres humanos a cometerem atos de indiferença contra animais humanos e não-humanos igualmente. A injustiça é o elo comum que une em seu flagelo os membros dessas diferentes espécies: a humana e a não-humana.

O movimento que luta pela abolição da exploração animal surgiu após os tristes episódios da nossa civilização que fizeram vítimas os negros e os judeus. E é justamente por causa dessa cronologia que o movimento em defesa dos direitos animais teve muito que aprender com as lutas árduas de movimentos vitoriosos que o precederam.

Observando outros movimentos de justiça social nós do movimento pelos direitos animais podemos aprender muito sobre a perversidade, a indiferença e a ganância humanas e os mecanismos que as fazem operar e também os que as desestabilizam. A perversidade dos que cometem as atrocidades, a indiferença dos que nada fazem para combatê-las e a ganância dos que lucram com elas. Estes são aspectos comuns em diferentes formas de exploração animal, humana e não-humana. A indignação que estes movimentos experimentam também é comum, sejam eles os movimentos pelos direitos das mulheres, direitos das crianças, direitos dos negros, direitos humanos ou direitos animais. Todos têm a mesma motivação e todos querem a mesma coisa: justiça. Justiça para as vítimas da opressão, independente de etnia, religião ou espécie. Por termos aprendido tanto observando os vilões e heróis de movimentos que nos antecederam, é inconcebível a idéia de que um ativista pelos direitos animais pretenda minorar o martírio das vítimas de atrocidades históricas como a escravidão e o holocausto nazista, pois ele enxerga não apenas o martírio já claro para o senso comum. Ele vai além e estende essa percepção também aos animais não-humanos.

Insisto em dizer que a comparação de negros a cães e judeus a porcos não foi o intuito do grupo que fez uso da comparação de imagens das vítimas das atrocidades contra negros e judeus com as imagens das atrocidades cometidas contra animais não-humanos. Se algum grupo se sentiu ofendido, foi porque não entendeu a mensagem, que era na verdade a de comparar duas formas de injustiça, ambas inaceitáveis, ambas condenáveis. O grupo que se sentiu ofendido poderia ter convidado os responsáveis a dialogar e certamente teriam chegado a um entendimento. Ao contrário, a via escolhida foi a das conclusões precipitadas e não a do entendimento, o que de fato me surpreendeu, pois eu não esperava que uma parcela tão representativa e com tamanho conhecimento sobre o que é a discriminação e sobre a importância do diálogo agisse desta maneira precipitada sem antes buscar entender qual era de fato a mensagem. Uma breve pesquisa teria revelado que tal comparação é largamente utilizada por prêmios Nobel, filósofos e sobreviventes do holocausto nazista, entre outros. Os livros The Dreaded Comparison e Eternal Treblinka são dois exemplos de obras que exploram a comparação como meio de sensibilização para ambas as causas, sem com isso minorar qualquer uma delas.

Aos nossos ativistas
Mas já tendo sido o fato agora levado para o âmbito de uma disputa judicial e seguido por ataques editoriais em um website representativo do movimento negro, o que devemos fazer? Eu ainda acredito na via do diálogo. É importante que os ativistas pelos direitos animais não percam o foco na discussão. Estamos falando de um mal-entendido? Então o assunto deve ser tratado como tal? Quando chamamos um pecuarista de assassino, será que ele entenderá que o estamos acusando de ter assassinado um humano? Talvez ele entenda assim, pois se não contextualizar, jamais entenderá que estamos nos referindo à morte (ou o assassinato) de um boi. Ele simplesmente não entenderá o que pretendíamos dizer com isso, pois para ele o ato de matar um boi é algo natural. Da mesma maneira que alguns senhores de escravos entendiam ser natural o tratamento que davam à sua “propriedade”. E o que esperaríamos que ele fizesse? Que antes de nos denunciar por calúnia, ele buscasse entender o que estávamos dizendo, certo? Afinal, se o dissemos, esperamos que ele escute da maneira e com a intenção que dissemos, do contrário não haveria propósito em tê-lo dito. Quando uma indústria acusa ativistas da frente de libertação animal de criminosos, o que queremos que a sociedade entenda? Queremos que ela entenda o que motivou aqueles ativistas a cometerem atos considerados como criminosos pelo sistema vigente, para que assim, talvez, as pessoas possam entender o real sentido da ação que realizaram.

Diálogo. É isto o que desejamos entre o nosso movimento e a sociedade, pois sem ele a mensagem se perde. O mesmo é o que devemos desejar entre o nosso movimento e os outros movimentos, em especial aqueles que têm tantos aspectos comuns com a nossa luta, como é o caso do movimento negro. Atitudes como a da ativista citada no início do editorial publicado em 16/10/2007 pela agência de notícias Afropress não são de forma alguma consoantes com o pensamento dos integrantes do movimento pelos direitos animais. Aproveito para registrar aqui o meu repúdio ao comentário por ela enviado à referida agência de notícias.

Posso afirmar que esta não é a norma em nenhuma das alas do nosso movimento. O que se lê na fala dela é uma ameaça pura e simples, sem qualquer pretensão de diálogo ou entendimento. Se desejarmos partir do princípio de que houve um erro de interpretação por parte de alguns representantes do movimento negro, a única coisa a se fazer é mostrar o que as imagens, a nosso ver, representavam. Depois disso, devemos procurar entender o motivo da ofensa da outra parte e estarmos dispostos a desculparmos-nos publicamente se for esse o caso. Este tem sido o teor predominante nas mensagens enviadas à Afropress às quais eu tenho tido acesso por meio de cópias enviadas a mim. Na verdade, posso dizer que nenhuma das mensagens que recebi trazia o tom ameaçador da mensagem que foi escolhida pela Afropress para dar o tom do seu editorial e seguir adiante comparando o nosso movimento a um movimento fascista e totalitário. Todas as mensagens das quais eu recebi cópia buscavam o entendimento, o que devo dizer muito me alegrou ao ver nelas refletida a maturidade que atingimos ao longo dos últimos anos.

Objetivos comuns e união
Ainda que a agência tenha recebido a mensagem no tom referido em seu editorial, estou certo de que essa não foi representativa da maioria das mensagens recebidas. Sobre isto, devo confessar que fiquei intrigado sobre o que pretendiam os jornalistas que elegeram justamente a mensagem em tom ameaçador para dar o tom do seu editorial. Mas continuo otimista e convicto da possibilidade do diálogo. Na verdade, não consigo conceber a idéia de que possa haver alguma divergência entre os dois movimentos (o movimento negro e o movimento pelos direitos animais), salvo algumas questões pontuais como os ritos que fazem uso do sacrifício de animais.

No que diz respeito ao combate ao preconceito e à injustiça (sejam estes na forma do racismo ou do especismo), não vejo motivo para divergirmos. Na verdade, não há uma referência mais comumente utilizada no movimento pelos direitos animais do que a referência ao movimento pela abolição da escravatura. Este nos serve como uma lição de rico aprendizado, um exemplo e um símbolo da possibilidade da vitória de parcelas minoritárias contra a ignorância e a conseqüente modificação do status quo. Tamanha é a nossa proximidade com os ideais do movimento negro que a palavra que usamos para designar a ala mais avançada e coerente do nosso movimento foi emprestada justamente do movimento negro: abolicionistas é a palavra.

Enquanto abolicionistas e anti-especistas inevitavelmente compactuamos com a luta anti-racista e, portanto, não consideramos e nem desejamos considerar o movimento negro como um movimento inimigo. Sabemos que tanto o movimento negro quanto o movimento pelos direitos animais têm questões importantes que urgem pela nossa atenção. Todas as formas de injustiça são questões urgentes e para combatê-las precisamos dedicar toda a nossa energia àquilo que de fato importa. Se os integrantes desses dois movimentos precisarem debater, que seja para chegarmos a soluções conjuntas sobre as questões comuns às quais combatemos, e não para criarmos e alargarmos atritos que podem ser resolvidos por via de um diálogo claro e direto.

Brigas e disputas por questões pequenas só fazem atrasar a luta pela abolição de todas as formas de opressão quem perde com não são os ativistas nem de um e nem e outro movimento, quem perde são os inocentes que contam conosco para a sua defesa. Eu proponho que este incidente que eu insisto em querer crer que foi apenas um mal-entendido possa nos servir como oportunidade para conhecermos melhor uns aos outros. Eu tenho a certeza de que a parcela mais representativa do nosso movimento está disposta ao diálogo e ao entendimento e é capaz de apreciar as vantagens mútuas que surgiriam da união de nossas forças. Os resquícios da longa história de opressão vivida pelos negros podem estar impondo um distanciamento da possibilidade de entender a nossa mensagem e compreender os nossos objetivos. É justamente nos nossos objetivos que está a nossa igualdade e é nas nossas diferenças que estão as nossas possibilidades de aproximação. A própria possibilidade dessas diferenças co-existirem entremeadas aos nossos objetivos semelhantes já nos mostra que os nossos movimentos têm muito que aprender um com o outro. As nossas oportunidades de aprendizado com o movimento negro certamente têm sido muitas e esperamos poder retribuí-los por isso.

George Guimarães

nutriveg@terra.com.br

VEDDAS – Vegetarianismo Ético, Defesa dos direitos Animais e Sociedade
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Essa carta texto também está disponível em
www.veddas.org.br/cartaaomovimentonegro.htm
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Você está no grupo HOLOCAUSTO ANIMAL.
Pessoas comprometidas com a Libertação Total dos Animais.
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